No campo do Crossfit, a acessibilidade ao esporte aumentou, mas as demandas por resultados são enormes. Neste artigo, vamos explorar a importância de valorizar os processos no Crossfit, além dos resultados alcançados. Vamos refletir sobre o caso de Guilherme Malheiros e sua participação na Copa Sur 2023.
Guilherme Malheiros, um atleta favorito, terminou a etapa classificatória em terceiro lugar, o que o deixou fora da final mundial. Embora tenha batido o recorde mundial do movimento Snatch (141 kg) na competição, não obteve boas colocações nas provas que exigiam mais dos ergômetros.
Infelizmente, ele passou de herói a vilão, sendo alvo de críticas e ataques por parte dos haters. Essa situação nos faz questionar os valores esportivos atuais e como eles podem estar invertidos.
Considerando o ser humano em todas as suas dimensões – intelectual, social, ética, moral, simbólica, afetiva e física – é importante reconhecer que os atletas também desempenham vários papéis sociais, como pai, filho, esposo e profissional.
Em um mundo que tende a admirar apenas os atletas no pódio, é comum criticar aqueles que, em algum momento de suas carreiras, não conseguem alcançar o topo, mesmo que tenham conquistado inúmeros pódios ao longo de suas trajetórias esportivas.
A sociedade atual, com sua memória curta e influência dos modelos midiáticos das redes sociais, pode ser cruel e desumana. Essa pressão isolada afeta diversos setores, inclusive o Crossfit.
A vida de um atleta é solitária e exigente, e todas essas características geram uma sobrecarga emocional, podendo levar a transtornos emocionais e baixa autoestima.
Ao contrário do passado, onde valores, princípios, beleza e harmonia eram fundamentais, hoje o esporte é tratado como uma mercadoria e os atletas são vistos como objetos e transações comerciais, facilmente descartáveis quando não atingem o pódio.
Essa mentalidade pode estar relacionada à construção social da sociedade capitalista atual, onde as pessoas são valorizadas pelo que “possuem” – títulos, medalhas, vitórias e conquistas – em vez de serem valorizadas pelo que “são” – o processo, o esforço, a evolução e o aprendizado. É o conhecido enfoque no ter, em detrimento do ser.
O ambiente esportivo tem se tornado cada vez mais hostil, violento e desprovido de humanidade, refletindo a cultura social atual.
Esquecemos que todo atleta pode passar por revés em uma determinada fase da carreira, e isso faz parte do crescimento esportivo. Os maiores atletas também enfrentam desafios e superam obstáculos.
Nesse contexto, é essencial compreender a relevância de valorizar não apenas o resultado final do atleta, mas também todo o processo pelo qual ele passa, incluindo seu desenvolvimento e suas pequenas conquistas e vitórias.
Precisamos assumir a responsabilidade social de evitar o adoecimento dos atletas, minimizando julgamentos, críticas e comentários inadequados. Além dos aspectos mencionados anteriormente, é importante ressaltar o papel da psicologia do esporte no contexto do Crossfit e no bem-estar dos atletas. A psicologia do esporte é uma área que busca entender e melhorar o desempenho mental dos atletas, auxiliando-os a lidar com a pressão, a manter o foco e a motivação, e a desenvolver resiliência diante dos desafios.
Valorizar os processos no Crossfit significa reconhecer a importância do suporte psicológico para os atletas. Investir no desenvolvimento de habilidades emocionais e no bem-estar mental é tão crucial quanto o treinamento físico, técnico e tático.
Pra finalizar, quero te lembrar que: Uma derrota não define um atleta! Guilherme Malheiros elevou bastante o nome do nosso país no Crossfit, e devemos reconhecer sua dedicação e conquistas ao longo de sua jornada. Além disso, ele terá outras oportunidades para buscar o pódio novamente.
Vamos apreciar a beleza do esporte em todas as suas dimensões e valorizar não apenas os atletas no pódio, mas também aqueles que se esforçam e crescem através dos desafios que enfrentam.